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25 de Abril de 2024

A crítica não é necessariamente sobre a atuação do policial, mas sobre a polícia e o Estado

É muito além da pessoa que veste a farda.

há 7 anos

Muitos, inclusive eu, criticam a atuação policial, sobretudo no que se refere ao uso excessivo de violência. Mas uma coisa deve ficar bem clara, a crítica não é necessariamente sobre a atuação do policial, como ser humano, mas sobre a polícia, como instituição representante do Estado.

A crtica no necessariamente sobre a atuao do policial mas sobre a polcia e o Estado

Portanto, ao criticar a forma como foi realizada determinada atitude, o descontentamento, para mim, está no fato de que aquelas pessoas, investidas na função de policial, não estão ali representando o indivíduo que veste a farda, estão ali como a extensão do Estado.

Uma abordagem desnecessariamente violenta, truculência na lide com o povo, crimes praticados de farda, dentre outras atitudes negativas representam, na realidade, ações do Estado.

O Estado, totalmente ausente, principalmente para a parcela da população que não tem acesso sequer a saneamento básico, gera o caos social e utiliza a força policial para lidar com o problema gerado, transferindo a responsabilidade de solucionar esse cenário para o policial.

É ele, o Estado, o responsável pelo treinamento insuficiente, pelos equipamentos velhos e sem manutenção, pela má remuneração, pelo terror psicológico vivido por quem tem o “dever” de combater o crime, matar ou morrer.

O policial, coitado, está no meio do tiroteio.

Vejam bem, o policial, hoje em dia, tem a tarefa de lutar contra o crime, como se fosse um personagem de filme hollywoodiano, correndo atrás de bandido, trocando tiro, matando, morrendo, trancafiando 1, 2, 3, 1000 pessoas atrás das grades, vendo as pessoas que ele prende sendo soltas, pois têm o direito de responder o processo em liberdade, muitas vezes por serem crimes de pequeno potencial ofensivo, prendendo novamente essas pessoas, até que chega uma hora em que ele, sabendo do seu “dever” de zelar pela “limpeza” social, resolve dar fim à vida desse marginal, sem vergonha, larápio, vagabundo, fazendo um bem à sociedade (né?!).

Só que eu fico pensando, será que é dele essa responsabilidade? Será que ele tem que carregar esse peso? E mais, será que ele tem condições de cumprir o que transferiram para ele? Não, não e não.

Infelizmente, o papel do policial nos dias de hoje é o de apagar incêndio com gasolina e não o de solucionar problema algum.

Já parou para pensar que para muitos o Estado só aparece na figura da polícia e para agredir? Sempre foi ausente, nunca apareceu para nada e quando aparece é para dar porrada e prender.

Pode prender, bater, matar quantos forem, não vai resolver, pois o problema não é de falta de repressão (que já vem institucionalizada de todos os lados), mas de conscientização.

Assim, sempre que ver uma crítica, lembre-se que ela é direcionada ao Estado e não necessariamente ao indivíduo que agiu.

Um grande abraço!


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Me desculpe, Pedro, mas conscientização é realizada para um cidadão honesto utilizar o cinto de segurança; para que as pessoas realizem exames de saúde preventivos, etc. Não existe conscientização com relação a traficantes, estupradores, homicidas. O que você propõe? Ensinar ao estuprador que estuprar é errado? Ao traficante que o mundo das drogas destrói famílias e carrega consigo o mundo do crime organizado? A ausência de princípios e valores morais afasta esses indivíduos desses padrões, dos métodos de conscientização.
O policial, em um geral, vê-se com medo de por a mão no gatilho pois, se em uma infeliz troca de tiros ele acabar matando o delinquente, responderá perante a justiça militar, processo administrativo e será massacrado pela mídia que reprime a atividade policial.
O Estado não é responsável por muita coisa. A Constituição, em uma canetada, não é capaz de alterar o quadro fático, a insuficiência recursal e estrutural do Estado, que não pode fazer muito por todos. É um ente inanimado, governado por pessoas que, nem sempre, querem alcançar o "interesse público" (ineficiência e corrupção são males incontestáveis de sua atuação). O criminoso não é criminoso porque o Estado se omite; é criminoso porque fez escolhas erradas. Ponto! continuar lendo

Há controvérsias e pontos de vista diferentes, Hyago.

Eu, particularmente, vejo de cara que a responsabilidade do Estado por tudo isso.

E outra, não disse que a pessoa comete crime por ação/omissão do Estado, mas não podemos negar a forte influência que essa ação/omissão tem na tomada de decisões.

E não se trata de uma norma constitucional garantindo nada, falo de ação mesmo. Falo da atuação estatal na garantia do mínimo de dignidade ao cidadão. Por qual razão existem países em que a criminalidade é zero ou próximo disso? Pq o povo tem acesso a um nível de consciência que faz com que perceba o erro que é cometer um crime. Ademais, são desencorajados pela condição de vida oferecida. Há muita coisa a se perder no caso de uma condenação.

Sem falar que não quero que seja ensinado a um "traficante" que ele não deve traficar, quero que o indivíduo que pense em traficar não chegue a praticar o ato por entender que não é o correto, por não ter necessidade de vender droga para suprir ausências variadas.

A questão é atacar as causas que levam à criminalidade, que são muitas, inclusive sociais e culturais.

E mais, nunca disse que a responsabilidade não é do agente. É sempre do indivíduo a responsabilidade por seus atos, até pq consciente da ilicitude e do dever de não agir dessa maneira, mas dá para falar que todas as má condições que o Estado impõe a determinados grupos não influenciam diretamente nas suas escolhas? Eu acho que não.

Como disse, são opiniões diferentes.

Um grande abraço continuar lendo

De certa forma concodo contigo, posso dizer com propriedade pois ainda moro numa favela e trabalho e estudo e não me sinto menos assistido do que o indivíduo que mora no condomínio de luxo, perdi meu pai com 14 anos, com 8 irmãos menores pra ajudar a minha mãe a criar e nem por isso peguei uma arma e fui roubar, sempre trabalhei , comecei cedo com 9 anos ajudando meu pai e sou grato a ele pelos valores que ele me ensinou, e tive um colega de curso que tinha uma vida totalmente diferente da minha, o pai dele é engenheiro e ele infelizmente foi morto ao tentar roubar uma moto com outro comparsa , por isso te digo que é questão de escolha, e como meu pai falava "toda burrice tem seu preço". continuar lendo

Perfeitas colocações. Disse tudo. A teoria de q vagabundo escolhe esse caminho por falta de escolha, pelo meio, cai por terra quando a maioria dos moradores de favela ou em condições ruins de vida não são vagabundos bandidos e trabalham e pessoas de condições financeiras boas tb cometem crimes. Crime é escolha. O q precisamos é de punições mais severas e mais à altura dos crimes q cometem. O q precisamos é de proteção à sociedade q escolheu ser idônea e honesta, mantendo os vagabundos longe dela o máximo de tempo possível. continuar lendo

Defendo a Polícia sempre. Não dá para chegar oferecendo flores para os monstros violentos q estão soltos pelas cidades brasileiras. E quanto a educação, ao contrário do senso comum, não acho q é culpa de falta de educação e condições sociais q criam criminosos, posto q se fora assim, todos os moradores de comunidades carentes, pobres seriam bandidos e a maior parte não o é. Portanto isso não é produto do meio. Já nascem sem caráter. Falha de caráter e quanto a isso, não há educação q conserte. Seria de berço, possivelmente pais fortes e presentes conseguiriam trabalhar esses desvios de personalidades, mas sem garantias. Portanto, não vejo a atuação da polícia como errada. Existem abusos ou erros? Sim, não os nego e q paguem por esses. Mas, não tem como a polícia abordar bandido oferecendo flores. Acho inclusive, q os legisladores deveriam ajudar a polícia endurecendo as punições, aumentando as penas e dificultando às solturas, visto que a polícia faz o excelente trabalho de prender, e a justiça capenga solta o vagabundo em pouco tempo para continuar a carreira criminosa. continuar lendo

Sabe o que é, Isa Bel ? A área sociológica "evoluiu", tá difícil até de manter na cadeia adolescente "demaior" que mata pai e mãe. Imagine a situação do polical arriscando a vida pra prender um assassino, e depois o vendo na rua por "prisão ilegal" ou indulto pra ver a mamãe. continuar lendo

É Donato. Tá difícil mesmo. Nossos códigos penal, processual penal e CF são sob medida para bandidagem fazer a festa, afinal, os políticos, quando os fizeram, pensavam em como não serem presos ou ficarem o mínimo, se pegos. continuar lendo

É meu anjo isso por que tu não deve viver na periferia, não deve ter sido humilhada ou mal tratada por um, ou ainda deve ser classe média e ter outro tipo de tratamento de um policial, se passasse pelo que muita gente que mesmo sendo trabalhador honesto passa nas periferias Brasil a fora mudaria seu comentário, afinal para a grande parte dessa polícia que você defende negro,pobre e morador de periferia é tudo bandido. continuar lendo

Quem te disse q não Douglas? E nem por isso deixo de respeitar e apoiar a polícia. Aliás, justamente pela precariedade, q defendo a polícia, pois só ela para me salvar dos lazarentos q caminham soltos pelas comunidades, encardindo e sujando todo o espaço e tornando o local insalubre para pessoas decentes, honestas e trabalhadoras. É dela q precisamos para nos ajudar a tirar esses vermes de nossos locais de moradia e torná-los seguros para nossos filhos. E aplaudo cada vez q um verme lazarento desses é retirado, da forma q seja, do local onde resido tornando-o um lugar um pouco mais seguro. Obrigada Polícia Militar. Conte comigo. continuar lendo

Pois é. A culpa não é do tubarão, é da natureza que o criou com instinto predatório, fome e dentes afiados...

O título do artigo já é um sofisma. Seu conteúdo mistura Palmeiras com Corinthians e quer que saia uma Chapecoense.

O Estado não manda a polícia bater em quem não tem saneamento, só por esse motivo, como o manipulador artigo quer fazer crer. Agora, se esses desafortunados, liderados pelos falsos profetas da bagunça e do caos (geralmente com camisetas vermelhas) invadirem prédios, quebrarem estabelecimentos, incendiarem ônibus, ai o Estado É OBRIGADO a agir, em nome da segurança de todos que lhe dão existência.

Até do autor do artigo.

O Estado é uma ente sem rosto, no máximo representado pelos chefes dos Poderes que lhe dão visibilidade. Conscientizar é educar. Como se educa um desviante social (bandido, bem explicado), já ingressado na senda do crime? Com programas de conscientização 03 horas ao dia? Mais um lanchinho no intervalo?

Precisa haver a repressão, quando as demais instâncias estatais falharam. E quando a SOCIEDADE, representada antes de tudo pela FAMÍLIA falhou.

Nada adianta culpar o ente fictício, pois logo estaremos culpando os governantes da hora. Se queremos manter a crítica em nível ideal, genérico, ideológico até, temos que começar indagando se a inicial célula da sociedade está cumprindo seu dever.

O Estado somos todos nós. Alguns são eleitos um dia, para fazer o tal Estado funcionar. E levarão consigo sua formação básica. Ou a falta de.

Pense como a polícia é vista e tratada nos países onde o Estado não é execrado por causa da política partidária. E ela reprime da mesma forma, pois polícia, antes de tudo é repressão, é controle. continuar lendo

Corretíssimo.
Como sociedade, temos feito a opção preferencial pelo bandido e contra a autoridade.
Mas a vasta maioria da população DECIDE não ser bandido nem corrupto apesar das condições insatisfatórias e dos maus exemplos.
É essa maioria da população que precisa ser tomada como referência e preocupação principal, não a minoria que decide ser bandido e se desculpa com argumentos sociais. continuar lendo

Muito bom o texto. Captou muito bem a síntese do problema. Começa em casa, numa família desestabilizada que não consegue passar o mínimo de valores para os filhos e termina num Estado que não fornece nada em troca do tanto que tiram da gente, passando por uma legislação muito utópica e por um sistema jurídico que vive em um mundo ideal que não existe. No meio de tudo isso fica a polícia, criticada por todos os lados, mas a única instituição que, mal ou bem, sempre está lá. continuar lendo

Se é que esse problemão consegue ser sintetizado, né continuar lendo

Exatamente, Nilo. Eu sempre acho que o problema começa dentro de casa. A falta dos valores que antes éramos obrigados a aprender desde muito cedo. Ir para o mundo do crime chegava a ser vergonhoso até..Hj em dia parece fascinante....e o Estado parece não dar mais conta ou simplesmente é omisso. A polícia precisa ser mais humanizada...mais bem treinada..preparada....mais bem paga...mais reconhecida, enfim. Não tem como a polícia (o Estado) não ser criticada por seus atos. continuar lendo