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19 de Abril de 2024

OMS: Suicídio já mata mais jovens que o HIV em todo o mundo

há 8 anos

Valeria Perasso - Repórter especial do Serviço Mundial

OMS Suicdio j mata mais jovens que o HIV em todo o mundo

"As pessoas simplesmente pensam que é um crime ter pensamentos suicidas. Não deveria ser assim", diz Lauren Ball, uma mulher de 20 anos que já tentou se matar várias vezes.

Seis, para ser mais preciso. A mais recente tentativa foi no ano passado.

"Sei que foi muito difícil para minha família", contou Ball ao programa de rádioNewsbeat, da BBC, voltado para o público jovem.

'Gatilhos'

Gabbi Dix sabia que sua única filha, Izzy, estava sofrendo com a chegada da adolescência, mas não imaginou que o suicídio rondasse seus pensamentos.

"Acho que nunca vou conseguir superar isso", conta a mãe da adolescente de 14 anos, que em 2012 deu fim à própria vida, numa cidade costeira do sul da Inglaterra.

Para muitos especialistas, o suicídio juvenil tem contornos epidêmicos. E, para a Organização Mundial de Saúde, precisa "deixar de ser tabu": segundo estatísticas do órgão, tirar a própria vida já é a segunda principal causa da morte em todo mundo para pessoas de 15 a 29 anos de idade - ainda que, estatisticamente, pessoas com mais de 70 anos sejam mais propensas a cometer suicídio.

OMS Suicdio j mata mais jovens que o HIV em todo o mundo

No Brasil, o índice de suicídios na faixa dos 15 a 29 anos é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes, uma taxa relativamente baixa se comparada aos países que lideram o ranking - Índia, Zimbábue e Cazaquistão, por exemplo, têm mais de 30 casos. O país é o 12º na lista de países latino-americanos com mais mortes neste segmento.

"O suicídio é um assunto complexo. Normalmente, não existe uma razão única que faz alguém decidir se matar. E o suicídio juvenil é ainda menos estudado e compreendido", diz Ruth Sunderland, diretora do ramo britânico da ONG Samaritanos, que se especializa na prevenção de suicídios.

De acordo com a OMS, 800 mil pessoas cometem suicídio todos os anos. E para cada caso fatal há pelo menos outras 20 tentativas fracassadas.

"Para a faixa etária de 15 a 29 anos, apenas acidentes de trânsito matam mais. E se você analisar as diferenças de gênero, o suicídio é a causa primária de mortes para mulheres neste grupo", diz à BBC Alexandra Fleischmann, especialista da OMS.

Diferenças

O Brasil, neste ponto, passa pelo fenômeno oposto: índice de suicídios nesta faixa etária para mulheres é de 2,6 por 100 mil pessoas, mas a taxa salta para de 10,7 entre a população masculina. Mas, entre 2010 e 2012, o mais recente período de análise de dados da OMS, o índice feminino cresceu quase 18%.

Em termos globais, uma variação chama atenção: 75% dos suicídios ocorrem em países de média e baixa renda. E as diferenças socioeconômicas parecem ter impacto mais forte entre adolescentes.

OMS Suicdio j mata mais jovens que o HIV em todo o mundo

Análise de gráficos sobre suicídios mostra picos dramáticos entre a população de 10 a 25 anos em países de baixa renda.

Tais "saltos" não são vistos em sociedades mais afluentes, o que sugere maior risco de suicídio entre populações mais pobres.

Ainda no segmento juvenil, a OMS diz que mais homens cometem suicídio que mulheres.

"A masculinidade e as expectativas sociais são os principais motivos para essa diferença", explica Fleischmann.

Mas essa diferença entre os gêneros é menor em países mais pobres, onde mulheres e jovens adultos estão particularmente vulneráveis.

Em países mais ricos, homens se matam três vezes mais que mulheres, mas em países de média e baixa renda, a relação cai pela metade.

A intensidade também tem variações regionais.

Para especialistas, suicídios são mais do que fatalidades. Pesquisas acadêmicas revelam que pelo menos 90% dos adolescentes que se matam têm algum tipo de problema mental. Eles variam da depressão - a principal causa para suicídios neste grupo - e passam por ansiedade, violência ou vício em drogas.

OMS Suicdio j mata mais jovens que o HIV em todo o mundo

Mas há "gatilhos" que podem ser sutis como mudanças no ambiente familiar ou escolar, passando por crises de identidade sexual.

Por isso, os especialistas recomendam prestar atenção nos sinais iniciais. E, não por acaso, a mais recente campanha dos Samaritanos foi dirigida a estudantes britânicos iniciando o período letivo nas universidades.

Também recomenda-se atenção a questões com o bullying, incluindo suas manifestações pela internet. Especialistas também argumentam que o sensacionalismo na mídia pode encorajar imitações.

"Neste caso, um efeito positivo inverso seria encorajar as pessoas a procurar ajuda", argumenta Sutherland.

Grupos envolvidos com a questão também argumentam que o suicídio deveria se tornar uma questão de saúde pública. No entanto, apenas 28 países têm estratégias nacionais de prevenção.

"A Finlândia, por exemplo, em uma década viu seus índices caírem 30%", conta Fleischmann.


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12 Comentários

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Para mim, o isolamento por motivos diversos, a não adaptação ao seu meio o sentimento de incompreensão e a falta de perspectivas levam o jovem ao suicídio. Todos eles sentimentos depressivos.
E a falta de esperança e a solidão, levam o idoso ao mesmo ato. Todos sentimentos depressivos.
Tudo a ver com índices socioeconômicos e integração sociofamiliar.
Ao fim, repito o que o artigo expõe. Pura concordância. continuar lendo

Com certeza, José.

Muitos jovens, frustrados por não conseguirem ser o que querem que ele seja, por não alcançarem sucesso profissional, por não aguentar a pressão desse mundo cão, optam pelo triste ato de retirar a própria vida, na ilusão de que resolverá algo.

Um grande abraço! continuar lendo

Pedro:
Talvez falta de orientação adequada, de incentivo, que levam esses jovens à desvalorização da vida. Não sou religioso, mas concordo que mesmo sendo uma falácia, o sentido religioso pode ajudar muito a esses jovens.
Falta talvez também a presença maior do estado em campanhas e atividades que possam reunir esses jovens para que, com a intervenção de pessoal especializado, encontrem uma saída, uma esperança ou mesmo uma resignação. continuar lendo

NO Brasil nao temos isso... a policia ja faz o exterminio dos jovens da periferia contribuindo para o equilibrio da taxa de natalidade x mortalidade brasileira.

Triste Brasil! continuar lendo

Nossa realidade é realmente cruel. Matamos para garantir a paz (?!).

Vai entender.

Um grande abraço! continuar lendo

A realidade brasileira varia muito de estado para estado e de região para região. No meu estado não é a polícia que mata os jovens. Eles matam-se mutuamente. Todos os dias assisto os programas policiais locais e vejo pelo menos meia dúzia de matérias relatando casos quase idênticos. É muito facil tacar pedra na (Geni) policia quando não é a gente que tem de subir morro e levar tiro de fuzil israelense. Não concordo com a alta taxa de letalidade policial constatada, particularmente, em São paulo e no Rio de Janeiro. No entanto, não tenho notícias de outros países onde as forças policiais tenham de enfrentar organizações criminosas possuidoras desse tipo de armamento de guerra. Por sinal, o novo helicoptero da policia civil carioca é blindado porque o anterior foi derrubado por traficantes. Em São Paulo uma quadrilha de assalto a bancos foi flagrada com uma caminhonete equipada com uma metralhadora .50. Quem entende um pouco do assunto sabe que esse tipo de armamento é capaz de perfurar veículos blindados e paredes de concreto. Enquanto isso, nossos policiais vão para o embate com revolveres e pistolas. Um pouco injusto, não?! continuar lendo

Mas, David, Polícia = Estado. Logo, se a polícia mata, quem está matando é o Estado e isso é inadmissível, ao menos pra mim.

O Estado coloca essas pessoas na "zona de guerra", permite que elas fiquem lá, não faz nada para mudar a situação, manda policiais ir pra lá pra matar e pra morrer.

Eu culpo a (instituição) Policia e, consequentemente, o Estado.

Um grande abraço continuar lendo

E no Brasil temos muitas peculiaridades que em diversos países não existem. Como um tráfico super equipado e organizado, geralmente com "inocentes" adolescentes de 15 a 17 anos, uma legislação fraca e conivente com a criminalidade, principalmente com estes "inocentes" adolescentes gerando um total senso de impunidade criado por estas leis falhas. Faltou ainda citar também que aqui é um dos países que mais se mata policial, pais de família, contribuindo para seu equilíbrio. OBS: Não sou policial! Sou funcionário público! continuar lendo

Pedro Ganem, posso dar o meu testemunho com conhecimento de causa, pois fui policial civil em um estado do nordeste do país. A diferença é que eu enfrentava criminosos armados com armas brancas ou revolveres. Em São Paulo e no Rio de Janeiro eles enfrentam quadrilhas com armamento de uso exclusivo das forças armadas. Eu, definitivamente, não gostaria de estar na pelé desses profissionais! A tensão em um incursão a uma daquelas comunidades dominadas pelo narcotráfico deve ser terrível. Volto a repetir: acho que o problema da alta taxa taxa de letalidade policial é muito grave; é um problema bem mais comum nas maiores e mais violentas capitais do país e, com toda certeza, deve ser enfrentado pelo Estado. No entanto, estou tentando mostrar a vocês o lado humano dos policiais que arriscam sua vida todos os dias nesta guerra urbana em que vivemos. Por sinal, várias ocorrências trágicas que tem sido noticiadas pela imprensa nacional parecem ter sido causados por despreparo técnico e falta de controle emocional. Pudera, somos o país que mais mata policiais no mundo! Em tempo: conheci um ex-policial militar carioca em Brasília, ano passado. Ele contou-me que o curso de formação de praças no estado do Rio de Janeiro foi reduzido de doze meses para seis meses. Contou-me ainda que na matéria de Tiro Policial cada aluno soldado teve direito a dar apenas dez tiros e em um revolver calibre 38. No passado eram trinta disparos - ainda muito pouco - com três tipos de armas diferentes. A justificativa do Comando-Geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro foi contenção de despesas. Até um leigo percebe que assim, fica muito dificil combater a violência e a criminalidade neste país. continuar lendo

Uma última coisa sobre as tais "zonas de Guerra". São os traficantes que transformam as comunidades onde nasceram e cresceram em regiões conflagradas. O estado por decadas evitou o confronto por medo da perda de vidas humanas (e de votos). O problema é que ao longo dessas decadas o crime organizado foi ficando cada dia mais poderoso. Chegou a criar até mesmo tribunais que aplicam a pena de morte de maneira banal. Na sua opinião, o que fazer? É melhor não fazer nada e permitir que o poder do narcotrafico agigante-se ainda mais e, um dia, desça o morro para atacar inocentes no restante da cidade? Ou devemos enfrenta-los enquanto ainda temos condições operacionais e financeiras para isso? Ou ainda, devemos fazer um acordo com esses criminosos, reconhecendo o poder informal dos mesmos? Como você pode ver não há uma resposta facil e simples para este dilema brasileiro, no entanto, não podemos protelar por mais tempo a solução para esses gravissimos problemas continuar lendo

Nossa, como que acontecem relações sexuais antes dos 14 anos??? Em qualquer suspeita o conselho tutelar deve ser acionado e os responsáveis punidos
Da mesma forma são responsáveis os que oferecem drogas, cigarros, bebidas etc aos menores.. continuar lendo