Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
18 de Abril de 2024

Por que o início da venda de maconha preocupa farmácias uruguaias

Em meio a ressalvas de farmacêuticos, temores de segurança e promessas de lucros, o Uruguai colocará em prática no próximo mês a venda de maconha em farmácias.

há 8 anos

Por que o incio da venda de maconha preocupa farmcias uruguaias

Em 25 de julho, "com uma margem de erro de dez dias para mais ou para menos", a cannabis para uso recreativo será ofertada nos estabelecimentos, afirmou à BBC Brasil Milton Romani, secretário-geral da Junta Nacional de Drogas.

O órgão interministerial é o responsável por levar adiante a política concebida no governo de José Mujica, e que tem continuidade na gestão do atual presidente, Tabaré Vázquez.

Essa é a terceira e última etapa da implantação da lei, aprovada em 2013, que determina a estatização da maconha recreativa nas etapas de produção, distribuição e venda.

As duas primeiras fases, já implementadas, foram a liberação do cultivo doméstico e da criação dos clubes canábicos, mediante registro nos órgãos governamentais.

Em meados de julho, o país dará início ao registro de consumidores que desejam obter a droga nas farmácias - o procedimento será realizado nos Correios do país e será feito por meio do registro das impressões digitais dos interessados.

E, no final do mês, 50 estabelecimentos em todo o território darão início à venda, em sistema experimental. A maioria dos postos de distribuição se concentrará em Montevidéu e em Canelones, departamento (Estado) vizinho à capital.

Para adquirir, o usuário não precisará dizer o nome nem mostrar nenhum documento. Apenas deverá passar os dedos por uma máquina de leitura de impressões digitais, que informará ao farmacêutico que a pessoa possui o registro.

Poderão ser comprados 10 gramas por semana - o limite para cada consumidor é de 40 gramas por mês.

Desconfiança e lucro

O Ircca (Instituto de Regulação e Controle da Cannabis) assinou um acordo de adesão com as entidades que representam donos de farmácias, incluindo as duas principais redes do setor, para a venda nesta etapa inicial ou depois que o sistema estiver totalmente implantado.

Há resistências por parte de algumas empresas e de farmacêuticos à frente dos estabelecimentos, que manifestam temores especialmente quanto à segurança das farmácias - sobretudo em regiões onde o narcotráfico é mais atuante.

O governo oferece aos comerciantes uma margem de lucro de 30% sobre o preço básico de venda, e os empresários do setor estão negociando remunerações extras para os farmacêuticos à frente dos lugares que vendam maconha.

Cálculos do governo estimam que o comércio aumentará a renda dos estabelecimentos em US$ 2 mil (cerca de R$ 6,8 mil) por mês. A droga chegará às farmácias por US$ 0,90 por grama (aproximadamente R$ 3) e será vendida ao consumidor por US$ 1,17 por grama (cerca de R$ 4).

"Em farmácias do interior, surgiu a questão de que muitos donos temem que o consumidor frequente não queira adquirir seus medicamentos ao lado de um 'maconheiro' que esteja ali no balcão, no mesmo momento. Isso vem aparecendo. E também há uma certa desconfiança, muita gente acha que não vamos implantar o sistema", diz o secretário-geral.

"Se as farmácias continuarem conosco, muito bem. Se não, usaremos outro sistema de distribuição. Vamos cumprir a lei. Em Washington e no Colorado, há o livre mercado. Nós não estamos de acordo com isso. Queremos que a venda seja regulada e controlada, e que se crie uma relação confiável entre o usuário e os provedores."

A atual etapa de implantação da lei é considerada a mais complexa por vários fatores: segurança, logística, adesão de farmácias e por causa da mudança cultural exigida de boa parte dos frequentadores de farmácias no Uruguai.

Mas o principal desafio consiste em se tornar a modalidade de acesso à droga que deverá ser procurada pela maioria dos consumidores do país.

De acordo com levantamento da Associação de Estudos de Cannabis do Uruguai, 80% dos consumidores de maconha no país (128 mil pessoas) deverão utilizar essa opção de compra. Segundo estimativas oficiais, há um total de 160 mil usuários regulares no Uruguai.

"Nosso enfoque é de saúde e de proteção de direitos. Primeiro, deixamos de estigmatizar o usuário. Obviamente que o consumo traz seus riscos, mas sabemos também que há consumidores de cannabis que não apresentam grandes problemas. E, se há problemas, é preferível que haja uma relação transparente com o Estado, e não persecutória", diz Romani.

"Não estamos regulando a cannabis porque se trate de um doce. Estamos regulando justamente porque se trata de uma droga perigosa. O controle penal proibicionista vem gerando mais danos do que a própria droga em si."

Nova licitação

A colheita dos primeiros lotes já está sendo realizada pelas empresas ICCorp e Simbiosys, vencedoras da licitação para essa etapa inicial.

Como essa produção não será suficiente para abastecer o mercado local, o governo deverá selecionar, mediante uma segunda licitação, novas companhias interessadas em plantar, colher e processar maconha no país.

"Vamos proceder de forma paulatina. É a primeira vez que se faz isso no mundo. Nosso temor é que, por ter pressa, cometamos erros e não possamos avançar depois. O que começa agora será um plano piloto", diz o secretário-geral.

A maconha será vendida como uma "variedade vegetal com índice psicoativo". Romani afirma que a droga não poderá estar exposta dentro das farmácias, e que haverá três variedades de cannabis, que serão oferecidas por grau de intensidade.

A venda será permitida apenas a maiores de 18 anos, uruguaios ou estrangeiros com mais de dois anos de residência no país e que tenham registro prévio efetuado nos Correios.

Desde 1974, é permitida no Uruguai a posse de qualquer tipo de droga para consumo próprio.

FONTE: BBC BRASIL


Finalmente, aproveito para te convidar a ACESSAR MEU BLOG. Lá tem textos como esse e muito mais!

Gostou da notícia? Recomende a leitura para outras pessoas! Basta clicar no triângulo que está em pé, à esquerda do texto, ou no coração, caso esteja na versão mobile.

Comente também! Mesmo se não gostou ou não concordou.

Para atingir um resultado maior e melhor, o assunto deve ser debatido e as opiniões trocadas.

Um grande abraço!

  • Sobre o autorAdvogado Criminal, Professor e escritor.
  • Publicações451
  • Seguidores3622
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações1446
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/por-que-o-inicio-da-venda-de-maconha-preocupa-farmacias-uruguaias/356777793

Informações relacionadas

Luiz Flávio Gomes, Político
Artigoshá 10 anos

Onde o povo brasileiro prefere colocar a bunda?

9 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

Eu entendo que a liberação deveria se igualar com a liberação da venda de bebidas alcoólicas, sem tantos custos para o estado.
Empresas qualificadas para a produção e distribuição nos estabelecimentos comerciais que se interessassem na comercialização e fim.
Liberar e pronto. Plantem, comprem, fumem , comam, tomem chá e enfim, usem e abusem recolhendo os impostos devidos e respeitando somente a proibição à menores de idade.
Sem registro, sem digitais, sem controle apenas maconha vendida abaixo dos valores que interessem ao tráfico continuar no mercado, o que afinal, é o grande objetivo.
Sinceramente, só mesmo o medo de perder fontes individuais de renda justifica os detentores do poder mundial terem tanto cuidado em assumir o que já ficou impossível de não ser assumido. continuar lendo

Sou favorável a proibição e a repressão, contudo concordo contigo que gastar dinheiro do povo para controlar quem quer se drogar é fora de propósito e, ainda pior, é garantir reserva de mercado a alguns privilegiados na venda, este é verdadeiramente um erro maior.
Acredita-se que é bom libera, caso contrário, proíbe-se e pronto!
O sistema criado tende a aumentar o consumo individual, para continuar usando o mesmo que hoje acrescido ao permitido, portanto seria interessante verificar o resultado ao longo dos anos. Dando certo o negócio será liberar geral e seja o que Deus quiser. continuar lendo

O governo do Uruguai vai lucrar com este procedimento, acho muito bom, deveria ser implantado no Brasil. Devemos tratar o usuário com respeito, talvez não houvesse tanta violência no Brasil. Esta comprovado a repressão não esta surtindo efeito esperado. Muitas polícias e civis perdem suas vidas tentado acabar com o tráfico e o consumo, isso nunca vai acabar pois estão agindo de forma errada, devemos trazer o usuário para a sociedade. continuar lendo

Bastante burocrático o controle. Não sei se assim conseguirão "eliminar" o tráfico. Creio que com o tempo devem optar ou por flexibilizar as regras ou por voltar a proibir. continuar lendo

O sistema criado tende a aumentar o consumo individual, para continuar usando o mesmo que hoje acrescido ao permitido, portanto seria interessante verificar o resultado ao longo dos anos. Dando certo o negócio será liberar geral e seja o que Deus quiser. continuar lendo

O perigo maior, a meu ver, consiste em que: com a possibilidade de se cultivar a planta livremente e com o aval do governo, os agricultores se aproveitem dessa brecha para abastecer os contrabandista da droga, uma vez que outro países continuam considerando a maconha como droga ilícita e evidentemente mais difícil de conseguir, portanto bem mais cara de se adquirir do que o produto liberado. Dessa forma esses produtores se esconderiam atrás da legalidade para suprir o mercado ilegal, não concordam? continuar lendo