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18 de Abril de 2024

Preso custa 5 vezes mais que aluno de escola pública da rede estadual

Ao mês, gasto é de R$ 1.750 com detento e R$ 375 com estudante.

há 7 anos

Um detento do sistema prisional do Espírito Santo custa quase cinco vezes mais que um aluno de escola pública da rede estadual. Enquanto, em média, são gastos R$ 1.750 com um preso por mês, cada estudante de meio período custa R$ 375. A comparação pode não parecer justa, na medida que são duas situações muito distintas, mas revela algo importante: gasta-se muito com prisões.

Preso custa 5 vezes mais que aluno de escola pblica da rede estadual

São 19.950 presos contra 256 mil alunos de ensino médio de um turno - sendo este último dado referente ao ano passado. Se a população carcerária fosse zerada, com o dinheiro seria possível custear, se necessário, outros 93 mil estudantes.

Em ambos os casos - de detentos e alunos -, estão incluídos itens de alimentação, água, energia elétrica e limpeza. A diferença mora principalmente em dois pontos. O primeiro é que presídios demandam tecnologia para, por exemplo, bloqueio de celulares, detector de metais, videomonitoramento total e construções reforçadas específicas.

Além disso, é preciso lembrar que os detentos vivem 24 horas dentro desses espaços e há insumos para mantê-los todo esse período.

O diretor de Ciências Criminais da Escola Superior de Advocacia da Ordem dos Advogados do Brasil no Estado (OAB-ES), Thiago Fabres, aponta que o encarceramento em massa tornou-se tendência, mas que o grande custo gerado tem muito mais a ver com a sensação de bem-estar social - equivocada impressão de segurança com criminosos fora de circulação - e com os ganhos sobre isso.

“São empresas construtoras e prestadoras de serviços, de saúde, alimentação, segurança, etc., que lucram com aprisionamento, na maioria das vezes desnecessário, uma vez que prisões significam muito dinheiro”, destaca.

Preso custa 5 vezes mais que aluno de escola pblica da rede estadual

Nas escolas, o investimento médio anual feito pelo Estado (R$ 4.600 por estudante) está dentro do previsto no Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), indicador aprovado pelo Conselho Nacional de Educação, que mostra o mínimo a ser gasto para garantir uma educação de qualidade. Pela atualização de 2015, no ensino médio urbano de meio período, o CAQi seria de R$ 3.720. No rural, de R$ 4.669.

Diferenças

O secretário de Justiça do Estado, Walace Pontes, explica que, apesar do cálculo médio de gastos, mesmo entre as 35 penitenciárias do Estado há diferenças.

“Há as de semiaberto, fechado e aberto. E as mais modernas, com abertura e fechamento de portas eletrônicas, sistemas com fibra ótica, bloqueador de celulares... Isso têm um custo de manutenção.”

Outra coisa que pode aumentar o custo é o local onde a penitenciária está construída e a engenharia investida. “Se for em uma região que atenda às demandas da sociedade, afastado das regiões urbanas, pode aumentar o custo de levar água e luz até lá”, detalha.

Punição lucrativa

Os serviços para manter uma penitenciária são geralmente supervalorizados para beneficiar quem lucra com as prisões. Um estudo do criminologista norueguês Nils Christie diz que há uma “indústria do controle do crime”: o sistema capitalista inventou a punição lucrativa, com exploração dos serviços de construção e manutenção dos presídios. Mas a prisão é uma instituição inútil, não realiza suas funções jurídica e política (defesa da sociedade, segurança, ressocialização). Sua função é excluir do convívio indivíduos considerados perigosos para ordem econômica e política dominante, existe para produzir a falsa sensação de segurança e de que a sociedade está dividida entre “homens de bem” e “criminosos”. Deveria ser utilizada apenas em situações-limite. (Thiago Fabres, diretor de Ciências Criminais da ESA)

Mínimo para ter qualidade

A Campanha Nacional pelo Direito à Educação criou um indicador, o Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), aprovado pelo Conselho Nacional de Educação em 2010. Ele considera condições como tamanho das turmas, salários dos professores, laboratórios, quadras e materiais didáticos. Pela atualização de 2015, no Ensino Médio urbano de meio período, o CAQi seria de R$ 3.720 e o rural de R$ 4.669, por ano. O CAQi não foi homologado pelo MEC, o que cria um impasse para estados e municípios, pois caberia ao governo federal a colaboração financeira para pôr em prática o custo mínimo. Professores qualificados e boa estrutura demandam investimento, mas também planejamento e monitoramento para assegurar que impactam em melhoria da educação. (Cleonara Schwartz, doutora em Educação)

NOTÍCIA ORIGINALMENTE PUBLICADA POR: GAZETA ONLINE


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38 Comentários

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É uma comparação que não cabe. Escola é para quem quer aprender, prisão para punir quem decidiu delinquir.

"o sistema capitalista inventou a punição lucrativa, com exploração dos serviços de construção e manutenção dos presídios."
-> Vou começar a acreditar que os criminosos também o são por ter sido coagido pela indústria da prisão... Oras, se tiver zero criminoso vai-se inventar crime para prender?

"Mas a prisão é uma instituição inútil, não realiza suas funções jurídica e política (defesa da sociedade, segurança, ressocialização)."
-> É exatamente este o objetivo da prisão: punir, tirar de circulação temporária ou permanentemente (onde há perpétua) o criminoso. A tal ressocialização não existe e não será na prisão que irá acontecer. Se disser que é necessário o preso trabalhar, que precisa de uma atividade para ocupar o tempo, estamos de acordo. Agora o tal ressocializar é um problema, primeiro por não haver um meio de medir se a pessoa foi ressocializada e segundo por esta ação acabar, no final das contas, ficar submetida à ideologia do governo do momento. continuar lendo

Para qualquer lugar em que o índice de reincidência seja diferente de zero dizer que a prisão é inútil é um completo absurdo. continuar lendo

Nobres colegas, vejo que implicitamente o autor do texto deseja que acabem com as prisões e não se prenda mais ninguém, inclusive ainda, deseja que soltem estes delinquentes que estão encarcerados. O investimento na educação é baixo, porque a maioria da verba é desviado por nossos ilustres políticos gatunos que assaltam os cofres públicos a luz do dia, sem nenhum temor, porém alguns já estão se tornando novos inquilinos dos presídios, isto é um ponto positivo. Ora, se é o preço a se pagar para manter estes empedernidos marginais na cadeia, que se pague. Agora, se o governo deseja diminuir a população carcerária, soltar não é a solução, investir em políticas sociais e em escolas de períodos integrais é a solução, pois manterá o jovem com a mente ocupada mais tempo na escola, longe dos aliciadores do crime. Eu não sei qual foi o insano, que permitiu inserir na constituição a vedação dos trabalhos forçados aos presos. Tem que colocar estes desocupados para trabalhar para gerar lucros para a nação, como também, para mantê-los em seu habitar gradeado. Não quer cumprir pena, não cometam crimes é simples e fácil a equação. Nos Estados Unidos, preso trabalha querendo ou não, no Brasil é facultado o trabalho, é muita moleza para vagabundo. Um dia este país se tornará sério. continuar lendo

Em qualquer lugar do mundo um presidiário custa muito mais que um estudante custeado pelo Estado.
Nos EUA, por exemplo, o custo médio de um preso é mais de R$ 7.500,00 por mês.

A discussão da ideia é válida. Mas a comparação não pode ser feita dessa forma.
São origens, estruturas e objetivos completamente diferentes.

E mais: presídios são exclusivamente estatais, já o ensino pode ser público ou privado.
Portanto, o que o governo gasta com alunos da rede pública não representa o gasto total, dentro do país, com educação. continuar lendo

O que vai realmente para o estudo do aluno, incluso todos os itens da tabela acima, não chega a 35% desses R$ 375,00. O resto é sugado pela corrupção que, de longe, é maior que a da Petrobras. continuar lendo

Concordo em partes, mas não dá pra usar os EUA como modelo prisional, não mesmo. Lá a política encarceradora é tão cruel quanto, sem falar das prisões terceirizadas comprovadamente envolvidas em diversos problemas, tais como o encarceramento do maior número de pessoas possível para ganhar mais dinheiro. continuar lendo

Prisional ou penitenciário?
Porque nas cadeias superlotadas onde muitos detentos cumprem suas penas, não vejo uniformes, leitos, higiene, limpeza, manutenção, videomonitoramento, alimentação regular e adequada etc...etc...etc...
Faltam até espaços nas grades para tantas mãos estendidas.
Então pergunto: esse investimento ou gasto existe na realidade?
Se o governo paga, para onde está indo o dinheiro? continuar lendo

Enquanto a política não for inversa, enquanto a administraçao não gastar mais com o aluno, vai ficar difícil.
E mais, enquanto acharmos (como sociedade) que prisão deve ser insalubre, apenas pra punir por punir, teremos esses gastos absurdos com um preso.
Possibilitamos o aumento das verbas, as quais sabemos não serem empregadas como devem ser.
Ao contrário, fazemos "reforma" do ensino médio, fazendo con que a educação pública se distancie cada vez mais da particular, contribuindo pra manutencao do modelo excludente vivenciado em nossa sociedade. Lembrando que a maior parte dos presos sequer tem ensino fundamental completo. continuar lendo

E as condições que as vítimas dos bandidos tiveram antes de serem vitimadas, voc~e já parou pra ver? continuar lendo

@pedromaganem

Insisto que a discussão é válida mas a sua comparação não é.

Precisamos investir mais em educação? Claro que sim.
Mas a solução não é determinar que seja necessário investir "X vezes mais que em presídios".
Os dois serviços são necessário e os dois tem deficiências graves no Brasil.

Me atrevo a dizer, até, que nesse momento temos uma necessidade de investimento no sistema prisional que é muito maior e mais urgente do que o aumento de investimento na educação. continuar lendo

São assuntos diferentes, Bruno. continuar lendo

John Doe:
O que você colocou tem lógica, porque precisamos de paliativos para reduzir o sufoco do momento e a solução educação, embora mais importante, é uma solução a longo prazo.
Não podemos confundir o que chamamos de uma solução definitiva, que é a inclusão social, que reduzirá a formação de novos delinquentes no futuro, com o apagar das chamas de agora.
Quem já está no crime, roubando, matando, estuprando, sequestrando precisa ser barrado e aí, com todo rigor que a lei permitir.
São duas situações que precisam de soluções diversas, mas que caminhem em paralelo. continuar lendo

@johnthedoe
Não é comparação minha. Esse texto é uma notícia de jornal e não um "artigo" meu.
Apenas achei interessante republicar aqui, tanto que ele está na categoria de "notícia".
Mas eu, particularmente, acho que estamos no caminho errado. Gastamos fortunas pra trancafiar pessoas em lugares insalubres e completamente desumanos, pior do lugar onde criamos porcos, contribuindo diretamente pra manutenção da situação que vivemos.
A prisão deixou de ser apenas pra punir há muito tempo, muito mesmo. continuar lendo

Boa pergunta! Alguns devem estar lucrando com isto e talvez aí a explicação para a perpetuação da mazela carcerária. continuar lendo

Excelente artigo, uma boa visão de como é gasto o dinheiro público e quais são as prioridades do governo.
Seria imprescindível para vermos um quadro diferente, mudarmos esta situação, onde a maior parte do dinheiro deveria ser investida em educação e não em presídios e presos. continuar lendo