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26 de Abril de 2024

"O Rio de Janeiro é laboratório para o Brasil", diz general interventor

há 6 anos

NOTÍCIA ORIGINALMENTE PUBLICADA POR UOL

O interventor federal do Rio de Janeiro, general Braga Netto, afirmou na manhã desta terça-feira (27) que a integração das ações de inteligência, no âmbito da intervenção, servirá como uma espécie de laboratório para outros Estado . "O Rio de Janeiro é um laboratório para o Brasil."

Onze dias após o decreto de intervenção do presidente Michel Temer (MDB), Braga Netto reuniu a imprensa para falar sobre o plano. Em entrevista coletiva que durou pouco mais de hora, foi anunciada a intenção de aumentar o número de policiais nas ruas.

O general não anunciou, contudo, mudanças no comando das polícias tampouco nas ações militares em operações, que seguirão o mesmo modelo adotado pela GLO (Garantia de Lei e de Ordem), em vigor desde julho passado. O interventor admitiu, no entanto, que as ações podem sofrer ajustes. Foram descartadas operações militares prolongadas, como a ocorrida no Complexo da Maré entre abril de 2014 e junho de 2015.

Também foi informado que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) --principal vitrine da segurança nos governos de Sérgio Cabral (MDB) e Luiz Fernando Pezão (MDB)-- serão mantidas, mas que a política deve ser revisada.

Braga Netto disse não ser possível afirmar se o modelo de integração das áreas de inteligência dos órgãos de segurança pública no Rio será difundido para o resto do país, mas afirmou que a unificação do comando deverá resultar em uma maior agilidade dos trabalhos de inteligência. "As inteligências sempre funcionaram. Mas isso agiliza quando você unifica o comando."

A integração dos órgãos de inteligência das polícias de todos os Estados do país é tarefa a partir desta semana do novo Ministério Extraordinário da Segurança Pública. O trabalho é realizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, que passou ao novo ministério. A pasta já vinha integrando sistemas de registros de ocorrências e comunicações em ao menos 16 Estados.

Para Braga Netto, a intervenção é uma "janela de oportunidades para a segurança pública do Rio de Janeiro".

"A intervenção é gerencial. Recupera-se a credibilidade da instituição segurança pública do Rio de Janeiro", completou o interventor. Segundo Braga Netto, a intervenção tem como um dos objetivos aproveitar a expertise de gerenciamento e logística das Forças Armadas.

Eliminar "gargalos" nas polícias

A proposta, segundo o general Mauro Sinott, chefe do Gabinete de Intervenção, é que os órgãos de segurança do Rio aproveitem a oportunidade para eliminar "gargalos que estão com dificuldade de superar" para que as ações se perpetuem.

Segundo Sinott, os "gargalos" que limitam a atuação da polícia são principalmente a "recomposição de efetivos" e a "logística". Ou seja, os membros do gabinete de intervenção farão mudanças administrativas e de gestão de pessoal e financeira para aumentar o número de policiais nas ruas. Também devem direcionar recursos para consertar ou adquirir novos carros de polícia e equipamentos para os policiais.

Braga Netto afirmou que, num primeiro momento, o gerenciamento da segurança será mantido --não foram anunciadas mudanças nos comandos das polícias, bombeiros e administração penitenciária. Segundo ele, o general Richard Fernandes Nunes, anunciado hoje como secretário de Segurança do Rio, vai fazer uma análise do que será necessário.

Foi apresentado um organograma das operações de intervenção no Rio. Braga Netto e Raul Jungmann, nomeado ontem ministro da Segurança Pública --a posse dele aconteceu hoje--, surgem em um mesmo nível, chamado pelo general de político.

Sobre o combate à corrupção nas polícias do Rio, o general Braga Netto discorreu de forma sucinta, dizendo apenas que as corregedorias serão fortalecidas. "Vamos tomar todas as medidas necessárias para que o bom profissional seja valorizado e o mau seja penalizado", afirmou, sem detalhar as possíveis medidas de combate à corrupção.

Questionado sobre as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), o general Richard afirmou que "a [política de] UPP será mantida, mas há indicativos de que precisam ser revisadas".

Cerco em favelas e auxílio à Polícia Civil

O general Braga Netto afirmou que as regras de engajamento --normas seguidas pelos membros das Forças Armadas para usar a força em operações-- que serão usadas na intervenção são as mesmas da operação de GLO (Garantia de Lei e de Ordem), mas podem sofrer ajustes. "As regras não mudam, mas podem ser aperfeiçoadas."

Na semana passada, o governo federal defendeu o uso de mandados coletivos de busca e apreensão em comunidades. A proposta foi, contudo, rechaçada por juristas e descartada pela presidência do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

O interventor disse também que as Forças Armadas continuarão fazendo cercos em favelas e atuando em inteligência, mas podem auxiliar a Polícia Civil a fazer prisões de procurados. E descartou a realização de ocupações prolongadas em favelas.

Questionado sobre os recursos a serem empregados durante a intervenção, Braga Netto não anunciou dinheiro novo. "No momento o que temos é o que está previsto no decreto [sobre a intervenção], os recursos já existentes para a segurança pública. Prioridade é a atualização da parte salarial, dos pagamentos que estavam em atraso."

Hierarquia da intervenção

Sobre a hierarquia no processo de intervenção, o general Braga Netto afirmou que, como interventor, está no mesmo nível de coordenação política que o ministro Raul Jungmann.

"Nossa missão é recuperar a capacidade operativa dos órgãos de segurança pública e baixar os índices de criminalidade aqui no Estado do Rio, não só na cidade."

"Para tanto, a arquitetura que nós montamos de comando e controle e relações institucionais é a seguinte: num nível político nós temos eu como o interventor, o comandante militar do leste, o governo do Estado e nós temos também agora o ministro Jungmann, nesse novo ministério que foi criado ontem."

O general afirmou que, em um nível abaixo, o nível estratégico, estão o Comando Militar do Leste (a principal unidade do Exército no Estado), o Gabinete de Intervenção e os ministérios da Defesa e da Segurança Pública.

No nível operacional, estão a Secretaria de Segurança Pública do Rio, a Secretaria de Administração Penitenciária, o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil, a Guarda Municipal. Em paralelo, atua o comando conjunto formado pela Policia Rodoviária Federal, pela Força Nacional de Segurança, pela Abin (agência de inteligência) e pela Polícia Federal.


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Seguindo a analogia utilizada pelo General-Interventor, significa então que, neste arremedo de tentativa de resolver um problema pela força bruta, sem estudos e sem uma investigação prévia de quais são os principais crimes e condutas a serem enfrentados, ao final de tudo, a população ordeira do Rio de Janeiro é vista como uma "cobaia"?

Desculpe, mas infelizmente é a conclusão possível que se pode chegar. É público e notório que a cúpula da segurança pública não tem mais nenhum comando sobre os seus comandados, correto?

Então, nomeia-se um interventor, e a sua principal decisão é manter os mesmo nomes a frente do organograma referente a segurança pública, nomes estes que não conseguiram enfrentar o problema que deu origem a malfada intervenção???

Se isto não é prova de que a intervenção é antes de mais, um instrumento de propaganda do governo federal, visando demonstrar "ação" diante do caos, sem ter nenhum estudo de como e onde agir, perdoem os que discordam, mas é difícil enxergar algo além disso, infelizmente. continuar lendo

Particularidades a parte, acredito que o Brasil não tem outra opção tudo já foi tentado, estudo, foco e toda a princípiologia de segurança pública E NADA DEU CERTO....QUEM SABE ENFIANDO DISCIPLINA GOELA ABAIXO a criminalidade recue e as gerações vindouras não sejam reféns do tráfico e assemelhados....ainda é cedo mas parece que vai resolver, pelo menos internamente , eis que a cúpula da segurança do Rio agora tem um novo Chefe que não esta enfiado até a GOELA na corrupção! continuar lendo

Penso da mesma forma: disciplina deve ser inicialmente solicitada. Quando não atendida, deve ser imposta com todos os rigores inerentes.

Trazendo para a esfera familiar, se o filho não obedece, a despeito de conselhos e bons ensinamentos, então que se castigue.

O grande problema do Brasil são os EXCESSOS DE DIREITOS e AUSÊNCIA DE DEVERES.

Há uma tentativa insana de colocar todo mundo em condições de IGUALDADE e isso NÃO EXISTE em nenhuma sociedade organizada e desenvolvida do mundo. As pessoas precisam entender o básico que pode ser resumido na frase "SUPERIOR MANDA, SUBORDINADO OBEDECE". Nesse contexto, a autoridade pública no exercício da função, o chefe, o patrão, o manobrista, etc estão em condições de mando e o cidadão, o empregado e o motorista estão no dever de obediência.

Nas Forças Armadas é assim. Os Oficiais, mesmo jovens, como um dia tive a honra de ser, comandam Sargentos muitas vezes com o dobro de suas idades, e também obedecem outros Oficiais mais antigos na hierarquia.

Trata-se de um processo natural de hierarquia calcada nas qualificações e responsabilidades dos cargos e não em quem chegou primeiro ou é o mais forte.

Isso precisa ser entendido e praticado, do contrário, nunca reduziremos os males que nos afetam, pois todo mundo entende que "tem o direito de estacionar onde quiser, não obedecer ordem policial, não limpar a sujeira que produziu, não parar no sinal fechado, não respeitar vaga do deficiente, xingar gratuitamente o outro, etc"

A violência que hoje explode foi causada por uma pessoa que um dia foi um menino(a) que não teve oportunidade (porque o Poder Público não as deu) ou que as teve, mas quis escolher outro caminho. E o seu avanço delitivo não foi freado por quem deveria (família, estado, etc), porque o direito dele (meliante) ficar em liberdade ou mesmo permanecer vivo é maior do que o direito à vida e circulação do cidadão que trabalha honestamente. continuar lendo

Otimista como você, estou! Os Generais são homens sérios e extremamente preparados para qualquer missão, de segurança e imposição da lei e da ordem... Infelizmente, no que tange as leis, nosso País é uma desgraça, só ampara os direitos dos bandidos, dos que ocupam o planalto à planicie. continuar lendo

Antes de expor minhas próprias conclusões a respeito do assunto (intervenção), verifiquei as 7 opiniões aqui já postadas. Concordo com quase tudo o que já citaram a respeito. Apesar de já estar na reserva (PM), atuei por 30 anos na área de segurança pública (SP). Lamento, mas realmente o meu glorioso EB, como já citei em outra ocasião, apenas irá ficar com um descrédito do insucesso dessa espinhosa missão. Nos meus já idos tempos da ativa, não havia PCC, CV, etc; os delinquentes agiam praticamente dispersos, ou no máximo em quadrilhas isoladas, mas naquela época, havia mais rigor no combate a corrupção nos meios policiais, havia melhores salários, efetivos compatíveis com a necessidade, etc. Hoje? Tenho um filho Major PM na ativa, e sei das dificuldades que ele enfrenta no dia a dia, para conseguir manter sua tropa sob controle, diante dos baixos salários e outros problemas naturais dos seus comandados, pois também são chefes comuns de família, somados com as constantes ameaças de execução por parte dos bandidos que eles conseguem prender, através de suas organizações criminosas. Há "comprometimento" de um modo ou de outro, de muita gente que tem a responsabilidade de combater o crime. Espero que sim, mas não creio que essa intervenção tenha pleno sucesso, infelizmente pra todos nós brasileiros, cariocas ou não... continuar lendo

Sobre o tema, sugiro pesquisarem o funcionamento da ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS (AMAN), que forma os Oficiais do Exército Brasileiro e na qual tive a honra de me formar em 1995.

É uma instituição de ensino superior, de ALTÍSSIMO NÍVEL, em que:

* NÃO HÁ fiscalização na realização de provas, porque NINGUÉM COLA (o Cadete que eventualmente o fizer é sumariamente desligado);

* NÃO HÁ possibilidade de REPETÊNCIA, porque o Cadete deve se organizar para cumprir a obrigação de estudar com afinco;

* o Cadete é testado, exigido e avaliado em EXERCÍCIOS NO TERRENO, sob condições adversas, e no seu preparo FÍSICO e intelectual, sob pena de desligamento se não atingir os objetivos previstos (não há diminuição de exigências para beneficiar os que não conseguem atender o exigido);

* NÃO HÁ tolerância com ATRASOS, ainda que mínimos, má apresentação do uniforme, higiene pessoal ou com a quebra de hierarquia;

* NÃO HÁ tolerância com DESVIOS DE CONDUTA (por exemplo, os armários NÃO TÊM TRANCAS e as salas e dependências não têm vigilância contínua);

* o SUPERIOR é RESPEITADO por meio dos sinais de continência, pedidos de permissão para entrar e sair do recinto, dentre outras manifestações;

* o PROFESSOR É AUTORIDADE e têm direito à continência e outros sinais de respeito;

* NÃO HÁ há serviço de faxina terceirizado, pois são encargos dos Cadetes;

* EXISTEM ordens e regras para todas as atividades (refeições, deslocamentos, etc);

* são feitas REVERÊNCIAS e culto a grandes personalidades que contribuíram para o engrandecimento do país;

* HENRIQUE LAGE, um engenheiro CIVIL, é um exemplo de civil que contribuiu com a AMAN e com o Exército, diferentemente de vários civis dos meios jurídico e político atuais, que mal começou a intervenção já levantaram bandeiras de "direitos dos traficantes".

Esses são alguns dos exemplos que recordei agora, mas existem muitos outros que engrandecem aquela Instituição Militar. Por isso que seu modelo sempre deu CERTO, a despeito das oposições.

Precisamos escolher a forma como queremos nossa sociedade. Se acharmos que o exemplo acadêmico acima é muito rigoroso ou "quadrado" não temos menos do que merecemos. continuar lendo

Meus sinceros e respeitosos abraços, Sr Newton Albuquerque. Lamento que um político "desacreditado" (Temer) tenha dado tamanha e espinhosa missão aos nossos valorosos "boinas verdes", sem muito respaldo (jurídico e político)... continuar lendo